Duas
prisões de ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro em menos de 24 horas.
Não está fácil para ninguém.
A Polícia
Federal do Brasil prendeu ontem o ex-governador do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral, como parte de uma operação contra uma "organização
criminosa" que teria desviado 220 milhões de reais de obras públicas.
Anthony Garotinho , outro ex-governador, tinha sido preso no dia anterior.
Sérgio Cabral (PMDB - partido do
presidente Michel Temer), ex-governador do estado do Rio de Janeiro, é suspeito
de liderar uma ação criminosa que desviou mais de 220 milhões de reais dos
cofres públicos. Está a ser investigado por crimes como o de integrar uma
organização criminosa, corrupção passiva e ativa e branqueamento de dinheiro
que, segundo os investigadores do Ministério Público Federal (MPF),
continuou mesmo após o fim de seu mandato. “Há uma produção de provas
bastante exuberante sobre o branqueamento de dinheiro, havia montantes em
espécie entregue regularmente desde janeiro de 2010 até 2014. Passaram a
comprar embarcações, obras de arte, helicópteros, jóias e imóveis de luxo como
forma de branquear essas fortunas”. Sérgio Cabral foi detido no seu
apartamento no bairro do Leblon.
A operação, batizada de
"Calicute", é um desdobramento da Operação Lava Jato, que desde 2014
levou para a prisão dezenas de empresários e políticos por envolvimento em uma
rede corrupção que afeta a Petrobras para favorecer partidos políticos com
subornos pagos por grandes empreiteiras.
Ainda segundo os investigadores,
Cabral recebia valores mensais entre 200 e 500 mil reais de construtoras e
cobrava 5% do valor das obras licitadas. Além disso, as investigações ligam
Cabral aos desvios de dinheiro da Petrobrás por meio de suborno do
contrato entre a construtora Andrade Gutierrez e a petroleira, na construção de
um pólo petroquímico em que o valor do desvio ultrapassa os 200 milhões de
reais.
As investigações do MPF, que
levaram em conta informações obtidas pela Operação Lava Jato e delações
premiadas de executivos das construtoras Andrade Gutierrez e Carioca
Engenharia, descortinaram um esquema de pagamento de subornos que teve
início em 2007, assim que Sérgio Cabral assumiu o cargo de governador do estado.
Todas as grandes obras públicas faziam parte do esquema, algumas delas recebiam
recursos federais. Em apenas três delas, a reconstrução do estádio do Maracanã,
o Arco Metropolitano (uma anel rodoviário) e o PAC Favelas, foram
desviados 224 milhões de reais em subornos. Os procuradores definiram como
“um escárnio com a população brasileira, financiadora dos recursos desviados
para o bolso de corruptos”.
Em detalhes o MPF explicou como
era a estrutura desta organização criminosa: Sérgio Cabral, que foi deputado
estadual por três legislaturas, senador e governou o estado do Rio de Janeiro
de 2007 a Abril de 2014, foi apontado como o chefe e responsável político
do esquema, os seus secretários de governo figuravam como secretários
administrativos e responsáveis financeiros da organização criminosa.
Além de Sérgio Cabral, Anthony
Garotinho (hoje no Partido da República) que também já governou o estado do Rio
de Janeiro, foi também preso no dia anterior, acusado de fazer uso de um
programa social para a compra de votos. Durante a prisão, sentiu-se mal e
foi internado num hospital público com quadro de hipertensão. O seu advogado
tentou, em vão, transferi-lo para um hospital da rede privada ao alegar que
o hospital não oferecia condições mínimas para atender e diagnosticar o
seu cliente. Anthony Garotinho governou o estado do Rio de Janeiro entre 1998 e
2002, tendo a sua mulher, Rosinha Garotinho, sido a sua sucessora no cargo
até dezembro de 2006. Luiz Fernando Pezão, o atual governador, foi, por seu
lado, o candidato apoiado por Sérgio Cabr