É a segunda vacina russa que recebe aprovação regulatória antes da conclusão de testes de larga escala de fase 3. Produto foi desenvolvido por antigo laboratório soviético na Sibéria.
Putin já havia anunciado uma vacina em agosto, que também pulou etapas antes da aprovação |
A Rússia anunciou nesta
quarta-feira (14/10) que concedeu aprovação regulatória para uma segunda vacina
contra covid-19. O anúncio foi feito pelo próprio presidente Vladimir Putin,
numa reunião de governo.
Putin parabenizou cientistas por
aprovarem a nova vacina, que foi desenvolvida pelo Instituto Vector, da
Sibéria, e passou pelos testes de estágio inicial em humanos no mês passado.
Ela foi batizada de EpiVacCorona.
Na época soviética (1922-1991), o
Instituto Vector mantinha laços próximos com o programa ultrassecreto
de armas biológicas do antigo regime comunista. O Vector já havia anunciado, na
semana passada, que havia completado os primeiros testes em 100 voluntários e
afirmado que, depois de um período de 23 dias de monitoramento, nenhum dos
voluntários manifestou efeitos colaterais graves.
"Precisamos aumentar a
produção da primeira e da segunda vacina", disse Putin em comentários
transmitidos pela televisão estatal. "Continuamos a cooperar com nossos
parceiros estrangeiros e divulgaremos nossa vacina no exterior."
Ampolas da EpiVacCorona, a nova vacina russa |
Essa é a segunda vacina russa contra a covid-19 que recebe aprovação regulatória sem seguir o protocolo
de testes previsto para esse tipo de pesquisa.
Em agosto, a Rússia se tornou o primeiro país do mundo a conceder aprovação regulatória a uma vacina contra covid-19. A
aprovação foi concedida antes antes mesmo de testes em larga escala de
fase 3 terem sido finalizados. A pressa na aprovação e a falta de
transparência nos dados levantou
dúvidas sobre a eficácia e segurança da vacina entre cientistas
do Ocidente.
Cerca de 400 pacientes de alto
risco a receberam, de acordo com o Ministério da Saúde russo. A vacina,
batizada de Sputnik 5, em homenagem ao primeiro satélite do mundo, lançado pela
União Soviética, ainda não está em circulação geral.
Uma terceira vacina, desenvolvida
pelo Centro Científico Federal Chumakov, de Moscou, pode ser registrada até
dezembro, segundo autoridades russas. Os ensaios clínicos de fase 2 começam em
19 de outubro.
Desde o início da pandemia, a
Rússia já registrou 1.332.824 infecções, o quarto maior número de casos no
mundo, só atrás dos de Estados Unidos, Índia e Brasil. As autoridades russas
contabilizaram cerca de 23 mil mortes em decorrência da covid-19.