Para OEA,
difusão de notícias falsas no Brasil não tem precedentes
Publicado
em 25/10/2018 - 15:02
Por Daniel
Mello - Repórter da Agência Brasil São Paulo
A presidente da missão de
observadores da Organização de Estados Americanos (OEA) para as eleições
brasileiras, Laura Chinchilla, disse hoje (25) que o Brasil enfrenta
um fenômeno “sem precedentes” em relação a difusão de notícias falsas. Segundo
ela, o fato preocupa o grupo de especialistas que deu o alerta já no primeiro turno das
eleições.
“Outro fator que tem nos
preocupado, e isso alertamos desde o primeiro turno, e que se intensificou
neste segundo, foi o uso de notícias falsas para mobilizar vontades dos
cidadãos. O fenômeno que estamos vendo no Brasil talvez não tenha precedentes,
fundamentalmente, porque é diferente de outras campanhas eleitorais em
outros países do mundo.”
A chefe da missão de observação eleitoral da
Organização dos Estados Americanos (OEA), Laura Chinchilla fala com a imprensa
após reunião com candidato a presidência da República, Fernando Haddad, no
hotel Matsubara. - Rovena Rosa/Agência Brasil
Laura Chinchilla, que é
ex-presidente da Costa Rica, reuniu-se hoje, em São Paulo, com o candidato
do PT à Presidência, Fernando Haddad, a vice na chapa dele, Manuela d’Ávila, e
o chanceler Celso Amorim. A reunião foi solicitada pela Coligação O
Povo Feliz de Novo.
O grupo de observadores reúne 48
especialistas de 38 nacionalidades. Eles vão se dividir entre o Distrito
Federal e 11 estados para o acompanhamento do segundo turno das
eleições. Ao final, será elaborado um relatório.
Denúncias
A presidente da missão afirmou
que recebeu por escrito as denúncias sobre o esquema supostamente financiado
por empresários para o envio em massa de notícias anti-PT utilizando o
WhatsApp. Ela disse que repassou as informações para as autoridades
eleitorais e policiais brasileiras.
Laura Chinchilla disse que
pretende se reunir ainda com a procuradora-geral, Raquel Dodge, para discutir
essa disseminação de fake news na internet e em aplicativos. Ela não afirmou, entretanto,
quando será o encontro.
Análise
Para a presidente da missão de
observadores, o uso do aplicativo de mensagens particulares dificulta o
controle das autoridades em relação à disseminação de informações falsas, por
ser uma rede privada e protegida.
“Se está usando uma rede privada,
que é o WhatsApp, que apresenta muitas complexidades para ser investigada pelas
autoridades. É uma rede que gera muita confiança porque são pessoas próximas
que difundem as notícias e é a mais utilizada, com um alcance que nunca se
tinha visto antes.”
Segundo Laura Chinchilla, o
controle está na concientização do eleitorado brasileiro. “Continuaremos
insistindo na necessidade que os cidadãos aprendam e façam um grande esforço
para distinguir o que é certo e o que não é. Existem muitas iniciativas que
estão tentando colocar isso na mesa. Iniciativas que estão se organizando na
sociedade civil, nas universidades e nos meios de comunicação.”
Violência
Laura Chinchilla disse que além
das fake news, preocupa a missão o tom utilizado em alguns discursos incitando
a violência a partir de divergências políticas. Apesar de episódios
isolados, ela afirmou que não houve irregularidades registradas no primeiro
turno.
“Temos que reconhecer que esse
processo eleitoral, onde não encontramos nenhum tipo de irregularidade no
primeiro turno e esperamos que seja assim no segundo, foi fortemente impactado
por alguns fenômenos ligados ao clima político, sobretudo o discurso, que
alertamos, tende a dividir, tende a incentivar a violência política.”
Edição: Lílian
Beraldo
Tags: Laura Chinchilla OEA
eleições2018
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