Senador
francês diz que França precisa denunciar golpe no Brasil
O senador francês Antoine Karam
disse em entrevista ao Correio do Brasil que o governo da França precisa tomar
uma atitude e denunciar o golpe contra Dilma Rousseff e a democracia
brasileira.
Ichiro
Guerra/ Dilma 13
Em conversa com a jornalista
Marilza de Melo Foucher, Karam, que governou a Guiana Francesa (região de
nascimento e a qual representa no Senado) por 18 anos, se disse solidário à
presidenta afastada. Para ele, não há dúvidas de que a saída de Dilma foi uma
manobra injusta e antidemocrática.
"Este silêncio do governo
francês, assim como do conjunto da classe política francesa e não somente da
esquerda, é inaceitável. Não podemos esquecer que a França, que se diz o berço
dos direitos humanos e símbolo da democracia, não tem direito à indiferença. A
França, que tem uma história de luta pelos direitos e que acolheu um grande
número de brasileiros exilados, grandes intelectuais como Josué de Castro,
Celso Furtado, Milton Santos e até Fernando Henrique, não poderia guardar
silêncio diante do que hoje ocorre no Brasil", afirmou o parlamentar
socialista durante participação em um colóquio sobre o golpe institucional no
Brasil em Paris, organizado pela senadora Laurence Cohen, do Partido Comunista.
"Os políticos e o governo
francês teriam por obrigação de explicar à opinião pública francesa a gravidade
dessa crise institucional e denunciar com toda firmeza o golpe contra a
Presidenta Dilma Rousseff".
De acordo com Karam, a instabilidade
que atinge o Brasil afeta diretamente a sua região, uma vez que a Guiana faz
fronteira com o território brasileiro e possui um histórico de cooperação
bilateral. Lembrando os problemas ocasionados pela ditadura militar de 1964 a
1985, ele destacou que, apesar dos avanços dos últimos anos, a democracia
brasileira ainda é jovem e frágil.
"Ainda existem muitos
adeptos dos métodos da ditadura capazes de promover a usurpação do poder. Estes
consideram que a democracia não pode acomodar seus negócios, seus interesses
particulares. Então eles achincalham os valores democráticos".
Para o senador, o Brasil é uma
potência mundial, e, por esse motivo, ninguém, nem mesmo a França, tem o
direito de ficar indiferente ao que se passa no país. Ele acredita que um
retorno aos métodos pré-democráticos seria algo inconcebível, com consequências
nefastas para o resto do mundo.
Em mensagem aos brasileiros, no
fim da entrevista, Antoine Karam ofereceu o seu apoio ao povo na luta
pelos valores democráticos, enfatizando a importância da resistência:
"Que o povo brasileiro não
renuncie a esta luta pela normalidade institucional e pela volta da Presidenta
Dilma Rousseff. Os brasileiros devem rejeitar todos esses politiqueiros que ultrajam
os valores democráticos. Esses mesmos que pregaram a luta contra a corrupção
somente para elaborar o golpe, tendo em vista que são eles os maiores corruptos
que hoje querem eternizar seus privilégios. Vocês souberam resistir a 24 anos
de ditadura. Agora, devem resistir ao que aqui denunciamos neste colóquio: o
golpe institucional. Estamos com vocês nesta luta!", finalizou o político.
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