Especialista
sobre o zika vírus: ‘Não devemos falar em pânico, mas em precaução’
A médica chinesa Margaret Chan,
diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), está no Brasil. A convite do
Governo brasileiro, veio se inteirar das iniciativas adotadas no país para o
combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya
e do zika vírus. Médico recomenda precaução mas sem pânico.
Margaret Chan, que esteve em Brasília,
Pernambuco (o Estado mais atingido pelos casos de microcefalia, supostamente
causados pelo zika vírus) e Rio de Janeiro, não poupou elogios, afirmando
jamais haver visto tamanha determinação num Governo para o combate ao mosquito
transmissor de tantas doenças.
O médico Antônio Braga, professor
de Obstetrícia das Faculdades de Medicina das Universidades Federal Fluminense
e Federal do Rio de Janeiro, endossa as palavras da diretora da OMS e diz
que o Brasil está obtendo grandes avanços nas pesquisas para o tratamento das
doenças e transtornos causados pelo zika vírus.
“Desde a implementação do SUS –
Sistema Único de Saúde, a área de vigilância e controle de endemias e
epidemias, de grandes surtos e doenças de notificação, tem propiciado ao Brasil
forte e interessantes indicadores que permitem modular as políticas de
saúde pública em nosso país”, afirma o Dr. Braga. “Não seria de outra forma que
relatos surgidos no Nordeste, mais especificamente no Estado de Pernambuco,
permitiram que um alerta nacional fosse emitido a fim de que se monitorassem os
casos de recém-nascidos com microcefalia e se aprofundasse a discussão acerca
da relação entre a infecção do zika vírus na gravidez e o surgimento de
conceptos com malformações neonatais.”
© AFP 2016/ Ernesto Benavides
Sobre a questão de o zika vírus
estar provocando pânico na população, Antônio Braga diz que “é importante
salientar que não devemos falar em pânico, mas em precaução. Parece muito
lógico que as mulheres grávidas queiram se prevenir da picada do mosquito
Aedes Aegypti, não apenas para evitar a já conhecida infecção da dengue, que
muito mal causa às grávidas, mas também a febre chikungunya e agora a questão
do zika vírus”.
Segundo o médico Antônio Braga, é
importante que haja essa prevenção, e “o uso de repelentes é uma ferramenta da
maior importância nessa estratégia”.
“É claro que, como vivemos numa
economia de mercado, certamente aproveitadores sem sensibilidade social estão
inflacionando o preço dos repelentes, fazendo com que haja até um mercado
especulativo e que não se restringe apenas às farmácias. Hoje existem até
negociações online de grandes grupos de venda pela internet, que especulam e
aumentam muitas vezes o preço desses produtos.”
O Dr. Antônio Braga adverte,
também, para o surgimento de produtos caseiros ou de formulações ditas
“piratas” que não têm selo nem de qualidade nem de eficácia, sendo popularmente
recomendados pela internet e que muitas vezes não conferem a proteção indicada.
“Alguns desses produtos sem o menor controle podem, inclusive, carrear
substâncias tóxicas que prejudiquem não apenas as gestantes como também os
seus fetos.”
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